A arte de Slinkachu pode parecer brincadeira: as pequenas intervenções por ele montadas pelas ruas de Londres lembram travessura de criança. Muitos nem as notam, assim como certos adultos não notam a criatividade infantil. Um provável motivo é a falta de atenção da maioria dos transeuntes de caminhar apressado, que não percebem os detalhes da cidade. Mas se alguma das obras foi pisoteada, a destruição é mais justificável pela sua notável pequenez – a série Little people, por exemplo, é feita com personagens de menos de 5 milímetros.
Se por um lado parece brincadeira, por outro lado, as obras de Slinkachu não são inocentes. Ele tem um objetivo ao espalhar as suas minipessoas nos lugares de circulação urbanos: evidenciar a opressão da cidade grande, onde os indivíduos são “esmagados” pelo ambiente cinza. Diz-se que o artista veio de uma zona rural da Inglaterra, e sentiu falta da vida que tinha ao ar livre quando se mudou para Londres. A informação não pode ser segura pois assim como o conterrâneo Bansky, que atingiu sucesso com o graffiti mesmo sem revelar seu nome, suas fotos, enfim, sua identidade, Slinkachu sustenta o seu trabalho no nome fictício, sem revelar-se ao público.
Não há também uma forma de localizar o período exato do início das intervenções de Slinkachu, mas as pequenas pessoas começaram a ser vistas a partir de 2006. O projeto mais recente é ainda mais inovador: desde 2008 o artista utiliza como suporte nada menos de caracóis. Recolhe-os, pinta-os, e depois os devolve às ruas. Trata-se da série Inner City Snail, em que ele buscou dar mais movimento à intervenção, ainda que extremamente lento. Uma visível contraposição à ideia de velocidade das sociedades urbanas.
Resta prestar mais atenção nos detalhes da geometria das ruas, já que Slinkachu pode servir de inspiração para artistas de qualquer lugar do mundo.