Um rebelde com causa. Ou causas. Muitas, todas humanitárias. Assim poderia ser descrito o músico Pedro Munhoz, não fosse ele um sujeito tão peculiar. Aliás, nenhum rótulo faria jus à personalidade desse trovador gaúcho, que se mantém fiel a suas convicções e não tem papas na língua quando instigado a falar sobre algo que lhe incomoda. Para se ter uma ideia, é só conferir algumas de suas contundentes frases no Twitter (@trovadormunhoz). Sobra pra todo mundo, de colegas de profissão (Antonio Villeroy, Vitor Ramil, Kleiton & Kledir) a grandes eventos (SWU, Cow Parade, show de Paul McCartney).
“A Cow Parade é pós-moderna. Não tem diferença alguma de Andy Warhol fazendo propaganda de latinha da sopa Campbell’s. Uma empresa de laticínios da suíça está envolvida, é muita grana no meio. Depois tem leilão para beneficiar uma instituição que atende crianças carentes. No meu conceito de sociedade, isso é algo que não deve existir. Eu não quero salvar 200 crianças, eu quero salvar todas! ‘Ah, mas tu és utópico’, podem falar. As mudanças no mundo foram feitas por loucos e sonhadores. Nunca vi alguém transformar o mundo sem ser louco”.
Quem ouve uma declaração dessas pode até se assustar, chamar de radicalismo, de papo de comunista. Mas Munhoz está longe daquela figura que os governos da ditadura militar insistiram em estigmatizar como “comedor de criancinhas”. Entre um gole e outro de café nos altos do Mercado Público de Porto Alegre, ele demonstra desenvoltura ao discorrer sobre vários assuntos. Quando chegamos, estava lendo Além do Latifúndio, de Álvaro L. Heidrich, professor e pesquisador da UFRGS.
Raízes
Simpático e falante, o compositor de Barra do Ribeiro explica como surgiu o interesse pela música e pela política. As primeiras influências vieram da família. “Meu pai, Pedro Barbosa, foi vereador por vários anos em Barra do Ribeiro. Ele foi minha primeira grande referência política. Musicalmente, o meu irmão, 12 anos mais velho, me apresentou Bach, Vivaldi, Tchaicovsky, música popular brasileira. Na parte regionalista, fui influenciado pela minha mãe, Dacila, a “dona” Cila, que sempre ouviu muito Teixeirinha, Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga”, explica o autor de canções como “Procissão dos Retirantes” e “Não Quero o Cinza Cimento, Quero o Verde Natureza”.
Mais tarde, “já gurizão”, passou a ouvir diversos artistas gaúchos, como Nelson Coelho de Castro, Bebeto Alves, Nei Lisboa, Noel Guarany e até Os Almôndegas, de onde saíram os irmãos Kleiton e Kledir. “Mas eles ainda não eram esses bundões de hoje”, dispara. “Aliás, a época era outra. A Rádio Continental, por exemplo: o cara chegava lá, levava uma fitinha e eles tocavam a tua música. Hoje é essa merda que tá aí”. Paralelamente à música gaúcha, também absorveu a cultura latina: Mercedes Sosa, Atahualpa Yupanqui, Silvio Rodriguez… E assim foi formando sua personalidade como músico e compositor, até chegar ao Pedro Munhoz de hoje em dia.
Indepentente, sim; alternativo, não
Aos 49 anos – faz 50 em 16 de fevereiro – , o trovador gaúcho vive da música que produz. Ou melhor, que compõe, já que, para ele, tratar a arte como um produto é algo impensável. “Eu não faço parte do mercado. Vendo discos de mão em mão, nos shows ou no meu site.Não trabalho com CDs prensados, mas ‘queimados’ em uma fábrica de São Paulo. O resto é montado em casa, inclusive o material gráfico, que é de primeira”, ressalta. Esporadicamente, produz outros artistas, promove oficinas e faz palestras. Mas a essência do trabalho são mesmo os shows e os discos. “Nos últimos anos, vendi cerca de 10 mil CDs. Para um artista independente, como eu… Tchê, fico muito feliz com isso”.
Independência, eis uma palavra importante para Munhoz. Assim, o músico faz o que gosta, sem ter que agradar uma grande gravadora ou a mídia. Mas ele acha que tem muita gente se enganando “nesse negócio de alternativo e independente”. “Eu não sou alternativo, sou independente. As minhas opiniões não têm nada a ver com a indústria cultural, nem mesmo com a indústria que se diz alternativa. O alternativo também está alinhado a alguma coisa, está louco para tomar o lugar do oficial. Enfim, só é alternativo porque não consegue ser oficial”, critica.
Não é oficial, não é alternativo… Independente, ok. Mas o negócio de Pedro Munhoz é ser diferente? “Não estou aqui para ser diferente. Eu estou aqui pra interrogar, para questionar esse sistema. Se eu quisesse ser diferente, seria alternativo… Tudo o que estou fazendo é velho, até porque não existe mais o novo. O novo só é novo quando tu não conheces. Por exemplo, a Bíblia tem dois mil anos, é um livro antigo. Mas se tu nunca lestes, pra ti vai ser algo novo, não vai?”, diz, desafiando repórter e fotógrafa, cujos sorrisos amarelos eram de quem nunca havia lido as sagradas escrituras.
Arte x fome
Antes, porém, de viver de arte, o trovador penou. Teve empregos diversos, de auxiliar de escritório em Porto Alegre a faz-tudo de um jornal no Chuí, mas nunca deixou de lado o violão, seu companheiro desde 1976, quando começou a tocar. Se bem que isso quase aconteceu em Pelotas, onde morou por um tempo e chegou a passar fome.
“Trabalhava como músico de barzinho. Tocava de tudo, mas só o que eu queria. Era meio polêmico, mas não estava nem aí, não queria fazer concessões. Chegou um momento em que, quando ia vencer o terceiro aluguel seguido, eu pagava o mais antigo para não ser despejado. Até que chegou o dia em que disse pra mim mesmo: vou largar tudo, parar de tocar, arranjar um emprego qualquer. E minha companheira na época disse: ‘se tu largares tudo, amanhã largo de ti’. Hoje não estamos mais juntos, mas isso foi uma lição pra mim. Aprendi a não desistir, não me entregar”, lembra, emocionado.
Nesse período, final dos anos 90, gravou seu primeiro disco, no Teatro do COP (Círculo Operário Pelotense). Encantoria ao Vivo, de 1998, foi um divisor de águas para o então músico da noite pelotense. No ano seguinte, venceu o Festival Nacional da Reforma Agrária e a carreira começou a engrenar. “Minha vida mudou. De lá pra cá, não parei mais. Fui pra Cuba, Canadá, Uruguai, viajei por vários lugares desse mundo cantando”, destaca.
Por um curto período, gravou jingles comerciais e até políticos – a maioria para candidatos de esquerda. Algum para a direita? “Não podem dizer que me vendi. O único que fiz que não foi para alguém cujo posicionamento político não me identificasse foi para um amigo. E aí acabou pesando a índole da pessoa, independentemente do partido. Em tempo: o político era José Erli Dias de Oliveira, então vereador em Santa Vitória do Palmar pelo finado PDS.
Em Santa Vitória, nasceu a primeira filha de Munhoz, Rafaela, hoje com 20 anos. Em Governador Valadares (MG), teve a segunda, Olga, de apenas quatro. Essas cidades são apenas algumas nas quais o compositor viveu. Hoje, mais sossegado, ele retornou à pacata Barra do Ribeiro, onde mora com Nadir, a Dila, que havia sido sua namorada cerca de três décadas antes. “O mundo dá voltas”, digo eu. “Pois é”, responde o trovador, sorrindo. Dá voltas, mas não sai do mesmo lugar. E é por isso que a canção de protesto, que questiona os valores sociais, sempre é atual. Mesmo sem ser exatamente uma novidade.
Algumas opiniões de Pedro Munhoz:
Vitor Ramil e a “estética do frio”
“É uma figura de costas para a sociedade; canta a charqueada, mas não canta o negro. Canta sobre os que passam pelo frio, mas não sobre os que passam frio. Pra mim, a ‘estética do frio’ só funciona quando todo mundo estiver agasalhado em frente à lareira olhando a geada.”
Resistência musical
Para mim, a região Nordeste e a Zona Sul do Rio Grande do Sul são os lugares onde realmente se faz música de resistência. Lá em cima, porque onde há miséria, fragilidade econômica, sempre há resistência cultural; aqui embaixo, porque nunca deixaram de cantar o latifúndio, de questionar.”
Antonio Villeroy
“Via esse cara na rua nos anos 80, de tênis Bamba, na Feira do Livro, fazendo a dita música urbana… Não conheço, mas dava vontade de dizer: ‘vai pro Rio e vira carioca agora!’ Então começou a compor músicas pra Ana Carolina, aquele negócio de ‘Garganta’… Virou Antonio Villeroy por causa dela! Hoje esse cara faz música para o mercado. Ele não é ele mesmo, é um arremedo.”
Beatles
“Sempre digo que Los Chalchaleros são melhores que os Beatles, mas os caras são da Argentina, e os Beatles, de Liverpool. De uma certa forma, os Beatles colaboraram com o capitalismo, mesmo que involuntariamente, pois serviram aos interesses das grandes potências, principalmente na Guerra Fria. E o show do Paul McCartney aqui? O cara é ruim? Não, não é, mas temos que questionar o que isso traz para Porto Alegre, o que acrescenta. Temos que questionar mais as coisas.”
Mais sobre a Cow Parade
“Vocês viram vaquinhas falando de fome, de prostituição infantil? Só vi vaquinha bordadinha, gremistinha, coloradinha, a dona Eva Sopher em cima de vaquinha… Depois vêm senhoras chiques, com pesados brincos nas orelhas, e pagam R$ 10 mil, R$ 15 mil. É uma coisa pobre, que artisticamente não constrói. Por isso eu digo: fogo na vaquinha, fogo na vaquinha!!!”
(OBS: uma vaca lendo Zero Hora acabou arrematada por R$ 90 mil. A entrevista foi feita antes do leilão)
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Resistência de um trovador
Um rebelde com causa. Ou causas. Muitas, todas humanitárias. Assim poderia ser descrito o músico Pedro Munhoz, não fosse ele um sujeito tão peculiar. Aliás, nenhum rótulo faria jus à personalidade desse trovador gaúcho, que se mantém fiel a suas convicções e não tem papas na língua quando instigado a falar sobre algo que lhe incomoda. Para se ter uma ideia, é só conferir algumas de suas contundentes frases no Twitter (@trovadormunhoz). Sobra pra todo mundo, de colegas de profissão (Antonio Villeroy, Vitor Ramil, Kleiton & Kledir) a grandes eventos (SWU, Cow Parade, show de Paul McCartney).
“A Cow Parade é pós-moderna. Não tem diferença alguma de Andy Warhol fazendo propaganda de latinha da sopa Campbell’s. Uma empresa de laticínios da suíça está envolvida, é muita grana no meio. Depois tem leilão para beneficiar uma instituição que atende crianças carentes. No meu conceito de sociedade, isso é algo que não deve existir. Eu não quero salvar 200 crianças, eu quero salvar todas! ‘Ah, mas tu és utópico’, podem falar. As mudanças no mundo foram feitas por loucos e sonhadores. Nunca vi alguém transformar o mundo sem ser louco”.
Quem ouve uma declaração dessas pode até se assustar, chamar de radicalismo, de papo de comunista. Mas Munhoz está longe daquela figura que os governos da ditadura militar insistiram em estigmatizar como “comedor de criancinhas”. Entre um gole e outro de café nos altos do Mercado Público de Porto Alegre, ele demonstra desenvoltura ao discorrer sobre vários assuntos. Quando chegamos, estava lendo Além do Latifúndio, de Álvaro L.Heidrich, professor e pesquisador da UFRGS.
Simpático e falante, o compositor de Barra do Ribeiro explica como surgiu o interesse pela música e pela política. As primeiras influências vieram da família. “Meu pai, Pedro Barbosa, foi vereador por vários anos em Barra do Ribeiro. Ele foi minha primeira grande referência política. Musicalmente, o meu irmão, 12 anos mais velho, me apresentou Bach, Vivaldi, Tchaicovsky, música popular brasileira. Na parte regionalista, fui influenciado pela minha mãe, Dacila, a “dona” Cila, que sempre ouviu muito Teixeirinha, Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga”, explica.
Mais tarde, “já gurizão”, passou a ouvir diversos artistas gaúchos, como Nelson Coelho de Castro, Bebeto Alves, Nei Lisboa, Noel Guarany e até Os Almôndegas, de onde saíram os irmãos Kleiton e Kledir. “Mas eles ainda não eram esses bundões de hoje”, dispara. “Aliás, a época era outra. A Rádio Continental, por exemplo: o cara chegava lá, levava uma fitinha e eles tocavam a tua música. Hoje é essa merda que tá aí”. Paralelamenteà música gaúcha, também absorveu a cultura latina: Mercedes Sosa, Atahualpa Yupanqui, Silvio Rodriguez… E assim foi formando sua personalidade como músico e compositor, até chegar ao Pedro Munhoz de hoje em dia.
Aos 49 anos – faz 50 em 16 de fevereiro – , o trovador gaúcho vive da música que produz. Ou melhor, que compõe, já que, para ele, tratar a arte como um produto é algo impensável. “Eu não faço parte do mercado. Vendo discos de mão em mão, nos shows ou no meu site. Não trabalho com CDs prensados, mas ‘queimados’ em uma fábrica de São Paulo. O resto é montado em casa, inclusive o material gráfico, que é de primeira”, ressalta. Esporadicamente, produz outros artistas, promove oficinas e faz palestras. Mas a essência do trabalho são mesmo os shows e os discos. “Nos últimos anos, vendi cerca de dez mil CDs. Para um artista independente, como eu… Tchê, fico muito feliz com isso”.
Independência, eis uma palavra importante para Munhoz. Assim, o músico faz o que gosta, sem ter que agradar uma grande gravadora ou a mídia. Mas ele acha que tem muita gente se enganando “nesse negócio de alternativo e independente”. “Eu não sou alternativo, sou independente. As minhas opiniões não têm nada a ver com a indústria cultural, nem mesmo com a indústria que se diz alternativa. O alternativo também está alinhado a alguma coisa, está louco para tomar o lugar do oficial. Enfim, só é alternativo porque não consegue ser oficial”, critica.
Não é oficial, não é alternativo… Independente, ok. Mas o negócio de Pedro Munhoz é ser diferente? “Não estou aqui para ser diferente. Eu estou aqui pra interrogar, para questionar esse sistema. Se eu quisesse ser diferente, seria alternativo… Tudo o que estou fazendo é velho, até porque não existe mais o novo. O novo só é novo quando tu não conheces. Por exemplo, a Bíblia tem dois mil anos, é um livro antigo. Mas se tu nunca lestes, pra ti vai ser algo novo, não vai?”, diz, desafiando repórter e fotógrafa, cujos sorrisos amarelos eram de quem nunca havia lido as sagradas escrituras.
Antes, porém, de viver de arte, o trovador penou. Teve empregos diversos, de auxiliar de escritório em Porto Alegre a faz-tudo de um jornal no Chuí, mas nunca deixou de lado o violão, seu companheiro desde 1976, quando começou a tocar. Se bem que isso quase aconteceu em Pelotas, onde morou por um tempo e chegou a passar fome.
“Trabalhava como músico de barzinho. Tocava de tudo, mas só o que eu queria. Era meio polêmico, mas não estava nem aí, não queria fazer concessões. Chegou um momento em que, quando ia vencer o terceiro aluguel seguido, eu pagava o mais antigo para não ser despejado. Até que chegou o dia em que disse pra mim mesmo: vou largar tudo, parar de tocar, arranjar um emprego qualquer. E minha companheira na época disse: ‘se tu largares tudo, amanhã largo de ti’. Hoje não estamos mais juntos, mas isso foi uma lição pra mim. Aprendi a não desistir, não me entregar”, lembra, emocionado.
Nesse período, final dos anos 90, gravou seu primeiro disco, no Teatro do COP (Círculo Operário Pelotense). Encantoria ao Vivo, de 1998, foi um divisor de águas para o então músico da noite pelotense. No ano seguinte, venceu o Festival Nacional da Reforma Agrária e a carreira começou a engrenar. “Minha vida mudou. De lá pra cá, não parei mais. Fui pra Cuba, Canadá, Uruguai, viajei por vários lugares desse mundo cantando”, destaca.
Por um curto período, gravou jingles comerciais e até políticos – a maioria para candidatos de esquerda. Algum para a direita? “Não podem dizer que me vendi. O único que fiz que não foi para alguém cujo posicionamento político não me identificasse foi para um amigo. E aí acabou pesando a índole da pessoa, independentemente do partido. Em tempo: o político era José Erli Dias de Oliveira, então vereador em Santa Vitória do Palmar pelo finado PDS.
Em Santa Vitória, nasceu a primeira filha de Munhoz, Rafaela, hoje com 20 anos. Em Governador Valadares (MG), teve a segunda, Olga, de apenas quatro. Essas cidades são apenas algumas nas quais o compositor viveu. Hoje, mais sossegado, ele retornou à pacata Barra do Ribeiro, onde mora com Nadir, a Dila, que havia sido sua namorada cerca de três décadas antes. “O mundo dá voltas”, digo eu. “Pois é”, responde o trovador, sorrindo. Dá voltas, mas não sai do mesmo lugar. E é por isso que a canção de protesto, que questiona os valores sociais, sempre é atual. Mesmo sem ser exatamente uma novidade.
Algumas opiniões de Pedro Munhoz:
Vitor Ramil e a “estética do frio”
“É uma figura de costas para a sociedade; canta a charqueada, mas não canta o negro. Canta sobre os que passam pelo frio, mas não sobre os que passam frio. Pra mim, a ‘estética do frio’ só funciona quando todo mundo estiver agasalhado em frente à lareira olhando a geada.”
Resistência musical
Para mim, a região Nordeste e a Zona Sul do Rio Grande do Sul são os lugares onde realmente se faz música de resistência. Lá em cima, porque onde há miséria, fragilidade econômica, sempre há resistência cultural; aqui embaixo, porque nunca deixaram de cantar o latifúndio, de questionar.”
Antonio Villeroy
“Via esse cara na rua nos anos 80, de tênis Bamba, na Feira do Livro, fazendo a dita música urbana… Não conheço, mas dava vontade de dizer: ‘vai pro Rio e vira carioca agora!’ Então começou a compor músicas pra Ana Carolina, aquele negócio de ‘Garganta’… Virou Antonio Villeroy por causa dela! Hoje esse cara faz música para o mercado. Ele não é ele mesmo, é um arremedo.”
Beatles
“Sempre digo que Los Chalchaleros são melhores que os Beatles, mas os caras são da Argentina, e os Beatles, de Liverpool. De uma certa forma, os Beatles colaboraram com o capitalismo, mesmo que involuntariamente, pois serviram aos interesses das grandes potências, principalmente na Guerra Fria. E o show do Paul McCartney aqui? O cara é ruim? Não, não é, mas temos que questionar o que isso traz para Porto Alegre, o que acrescenta. Temos que questionar mais as coisas.”
Mais sobre a Cow Parade
“Vocês viram vaquinhas falando de fome, de prostituição infantil? Só vi vaquinha bordadinha, gremistinha, coloradinha, a dona Eva Sopher em cima de vaquinha… Depois vêm senhoras chiques, com pesados brincos nas orelhas, e pagam R$ 10 mil, R$ 15 mil. É uma coisa pobre, que artisticamente não constrói. Por isso eu digo: fogo na vaquinha, fogo na vaquinha!!!”
(OBS: uma vaca lendo Zero Hora acabou arrematada por R$ 90 mil. A entrevista foi feita antes do leilão)
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