Uma das mais tradicionais bienais de arte do mundo chega neste ano à sua 54ª edição. A Bienal de Veneza está de portas abertas para o público desde o último final de semana. Porém, as portas do evento não estão tão abertas para os artistas do hemisfério Sul. Dentre as críticas emitidas nas redes sociais e publicações durante esta semana, a mais recorrente diz respeito ao previlégio dado aos artistas europeus e norte-americanos na mostra central. Não há nenhum brasileiro entre os 83 artistas que expõem neste setor.
A curadora do evento é a historiadora e crítica suíça Bice Curiger. Propondo o lema “ILLUMInazioni”, ela faz referência ao trabalho artístico com a luz e com as identidades nacionais. A inspiração vem do pintor veneziano Tintoretto (1518-1594), o que revela também uma preocupação com a recuperação da história das artes plásticas, contrariando a ideia de autorreferencialidade comum na arte contemporânea. Mas a seleção de artistas foi considerada conservadora, representativa de um mundo “menor” do que o apresentado nas outras edições.
Por outro lado, os pavilhões nacionais, fora da mostra central, chamaram a atenção. O pavilhão Brasil, por exemplo, apresenta a obra de Artur Barrio, português radicado no Brasil que trabalha com o conceito de caos, com questões políticas e com materias baratos e efêmeros. Ele afirmou à Folha sentir-se o “patinho feio” da Bienal. Mas não poderia ser de outra forma para o artista que em 1970 escreveu um manifesto “contra as categorias de arte, contra os salões, contra as premiações, contra os júris, contra a crítica de arte”.
Mais informações e imagens na página da Bienal de Veneza.