Texto e fotos: Fernando Halal
Os órfãos do Los Hermanos em Porto Alegre não podem reclamar do ano que termina. Além de serem incluídos na tão sonhada turnê de retorno em 2012 e também nas comemorações de uma década do Bloco do Eu Sozinho, tiveram a chance de matar saudade de Marcelo Camelo não uma, mas duas vezes.
Foi esta segunda apresentação que o Opinião conferiu no dia 8. O repertório é quase o mesmo de meses atrás, mas, em se tratando de um hermano, a estrela-guia é a emoção. E isso teve de sobra.
Quando Camelo entra em cena, é pura alegria. Cativando a todos com seu sorriso tímido e o figurino totalmente casual, em nenhum momento ele soa over ou artificial. O cenário simples, adornado por cinco samambaias, dá o clima exato proposto pelo artista. Ao que tudo indica, a ideia é o público se sentir em uma cadeira na varanda, e não em um show de rock/MPB.
A dobradinha “A Noite” e “Ô ô” abre o show e também o novo álbum solo, Toque Dela.
(E agora vamos abrir um parêntese: quem achou o disco chato é porque nunca viu o Hurtmold em um palco. Graças à banda de apoio, o que poderia se tornar um exercício de egocentrismo ganha ares de espetáculo experimental pra fã de post rock nenhum botar defeito. Sim, um show do Camelo está mais para Mogwai do que para Caetano. A boa música agradece.)
A euforia do público é moderada mas não se perdeu. Às vezes ultrapassa os limites do bom senso, é verdade, e nesse sentido o momento banquinho-e-violão “Janta” é sintomático. Com tantas candidatas a Mallu na plateia, não foram poucos os gritos de “dorme lá em casa!” durante a música. Vergonha alheia à parte, segue o show.
“Casa Pré-Fabricada” é a primeira dos Hermanos incluída no set, com roupagem violão e voz. O Opinião vem abaixo, enquanto alguns poucos chiam com a ausência da guitarra emocore a la Weezer da versão original. Da discografia dos cariocas, ainda viriam “A Outra” e “Além Do Que Se Vê”. Cabe lembrar que o trio de metais teve o velho Bubu, que já tinha vindo ao Sul tocar com Rodrigo Barba e o Bloco, mês passado.
Depois de “Vida Doce”, o Hurtmold emenda a sua instrumental “Halijascar”. Lá pelas tantas, o momento Roberto Carlos que já virou tradição no show: é quando a banda faz a pausa para beber água enquanto o ex-barbudo distribui os xaxins com as plantas entre as fãs.
“Copacabana” transforma o bar em carnaval. Dois bis depois, Camelo e banda encerram a noite com “Vermelho”, certamente a mais empolgante do disco novo. Espertinho esse moço.