Conexões Globais: internet, crise dos intermediários e participação social

O Conexões Globais 2016 tve debates e shows de bandas como a Afrocalipse (Foto: Erick Peres/Nonada)
O Conexões Globais 2016 tve debates e shows de bandas como a Afrocalipse (Foto: Erick Peres/Nonada)

Em sua quarta edição, o Conexões Globais ocupou o Vila Flores nos dias 01 e 02 de abril com atividades pautadas pelo tema “Cidades democráticas”. Ou melhor: inflamou o primeiro fim de semana do mês com a percepção – expressa na voz singular de cada participante – de que estamos vivendo um momento de transição histórica. A globalidade das conexões ficou evidente não só no amplo uso de tecnologia do evento – com direito a participação de webconferencistas de diferentes partes do Brasil e do mundo – mas na percepção geral de que a instabilidade que temos sentido em nossas cidades diz respeito a uma transformação social de alcance transfronteiriço provocada pela internet.

A partir das 16h de sexta-feira, mesas de debate e shows de música alternaram-se nos dois palcos principais, montados no galpão do Vila Flores, configurando uma intensa programação que seguiu até as 23h de sábado. O público era predominantemente de jovens adultos, e, especialmente no segundo dia, vi uma maioria de mulheres marcar presença nos debates. Um dos trunfos do evento foi transmitir a programação em diversas telas espalhadas pelo pátio interno, o que permitia circulássemos pelo espaço sem perder o que estava acontecendo e aumentava o alcance da transmissão, também realizada em live streaming para cerca de 4000 mil pessoas, segundo calcula a organização.

A equipe do Nonada participou da cobertura colaborativa proposta pela equipe do Conexões, transmitindo o evento aqui no site e compartilhando atualizações no Instagram. Além das fotos e entrevistas realizadas por colegas, preparei esse texto depois de vários dias relendo anotações e conversando com eles sobre o que mais ficou latejando em nossos pensamentos desde então. Mais que uma descrição detalhada de cada mesa da programação – um resumo delas pode ser encontrado na página www.conexoesglobais.com.br – esse texto é, portanto, uma cartografia em que se destacam os pontos que tiveram maior relevo para nós.

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Mesas contaram om webconferencistas e transmissão pela internet (Foto: Conexões Globais/divulgação)
Mesas contaram om webconferencistas e transmissão pela internet (Foto: Conexões Globais/divulgação)

No primeiro dia, a mesa das 18h00, intitulada “Participação Social na Era da Internet” foi composta por Renato Simões, Fabrício Solagna, Marcelo Branco, com mediação do presidente da Procempa, Mário Teza, e participação na web de Pablo Soto, do Ahora Madrid. Soto abriu o debate recordando os eventos que, a partir do dia 15 de Maio de 2011, levaram milhares de espanhóis às ruas, principalmente de Barcelona e Madrid, com gritos de “Democracia já!”. O movimento surpreendeu não só a classe governante do país, mas toda a comunidade internacional, acostumada a ver a Espanha como um país conservador, com uma política corrupta e patrimonialista onde “nada mudaria o status quo”. Segundo Soto, as manifestações, originadas nas redes sociais, representaram o surgimento de um novo sujeito político – o povo. Não mais uma massa manipulável, mas um conjunto de cidadãos atuantes, que derrubam o velho preconceito de que não há interesse dos eleitores em participar diretamente do jogo político.

A mobilização popular pelas redes acabou gestando um movimento sem lideranças que ficou conhecido por Ahora Madrid, e que nos últimos quatro anos foi crescendo em magnitude, adotando práticas de democracia direta via internet, até se tornar um partido político elegível por decisão de seus membros, que financiaram autonomamente o processo de constituição partidária. Nas eleições locais da capital espanhola, em 2015, Pablo Soto foi eleito conselheiro municipal pelo Ahora Madrid, assumindo o cargo de Secretário Municipal de Participação Cidadã, Transparência e Governo Aberto. Isto é um marco proporcionado pelo ativismo via redes sociais: pela primeira vez na história, um partido surgido e mobilizado horizontalmente através da internet ganha um cargo de governo. Pablo contou que, nesses primeiros meses de mandato, está utilizando as experiências de democracia direta do Ahora Madrid para iniciativas na cidade, tais como referendos e orçamentos participativos online, através do “Portal de Participación”. Para ele, esta experiência também põe fim à ideia antiquada de que para que um partido seja vitorioso, sua estrutura interna deve ser hierarquizada como uma máquina de guerra. O Ahora Madrid demonstrou ser possível criar partidos ao mesmo tempo horizontais e elegíveis.

Na sequência, o Assessor Especial para Participação Social da Secretaria de Governo da Presidência da República, Renato Simões, aproveitou a fala de Pablo para inserir o fenômeno espanhol dentro de uma crise histórica que problematiza a democracia representativa. Segundo Renato, o que está posto em cheque é a captura do Estado pela lógica do capital e a consequente cooptação do domínio público pela lógica do privado. Lembrou que a Constituição brasileira define nosso sistema de Governo como democracia representativa e participativa, e que, no entanto, os incisos que dizem respeito à segunda são muito modestos. Na prática, não há uma sistematização e institucionalização de amplos mecanismos de participação popular.

Em 2014, o Congresso vetou o decreto da presidenta Dilma sobre participação social, que, caso tivesse passado, seria o primeiro passo legal de consolidação de diversas formas de democracia participativa em nosso país. Renato salientou a relevância estratégica desse decreto, num momento de crise sistêmica onde ele só enxerga dois cenários possíveis: o retrocesso político com a ascensão conservadora ou o aprofundamento da democracia participativa. Isto é, o reconhecimento por parte de nossos representantes de que é preciso encontrar formas de lidar institucionalmente com essas novas demandas sociais de participação provocadas pela internet, sob o risco de o sistema de governo perder definitivamente sua credibilidade.

Foi Marcelo Branco, ativista e um dos organizadores do Conexões, que falou de uma “crise dos intermediários”. Para ele, a perda de legitimidade do sistema representativo está inserida num marco ainda maior de transição histórica em que meios de comunicação, movimentos sociais e indivíduos se associam para atuar diretamente, sem a anuência de órgãos reguladores. Eis o sentido de falarmos eu uma “era da internet”. É difícil perceber uma transição de era quando somos parte dela, mas essas quase duas décadas do século XXI parecem demonstrar que o novo milênio é mais que um marco cronológico. Pendurada na Terra, a placa: desculpe o transtorno, estamos em obras.

Para concluir a mesa, Fabrício Solagna falou de suas experiências com coordenador do Gabinete Digital do Governo do Estado do Rio Grande do Sul e consultor do ParticipaBr, do Governo Federal. Em ambos os projetos, realizam-se consultas públicas sobre determinados temas. Os cidadãos têm a possibilidade de fazer propostas e votar nas propostas já efetuadas. Segundo ele, as experiências demonstraram que há, sim, interesse dos cidadãos em participar do processo decisório do país, e, mais que isso, são métodos eficientes para a obtenção de propostas e ideias que de outra forma não chegariam até a cúpula decisória.

Segundo dia foi protagonizado pelas mulheres (Foto: Erick Peres/Nonada)
Segundo dia foi protagonizado pelas mulheres (Foto: Erick Peres/Nonada)

O segundo dia de evento teve três mesas de debate que acabaram com qualquer possibilidade de sair do Vila Flores e ir dormir com a consciência tranquila. E não me entendam mal, isso é o maior elogio que se poderia fazer a um evento com proposições sociais: que ele seja capaz de nos inquietar, de nos fazer repensar atitudes e julgamentos, de problematizar afirmações que tínhamos por verdades. Essas três mesas, compostas e mediadas por mulheres cis e trans, nos conferiram os grandes momentos do Conexões.

Exagero do meu feminismo? Não. Simplesmente o maravilhamento de quando escutamos algo que ultrapassa o mero discurso e nos toca; de quando estamos diante de algo novo e nos sentimos igualmente responsáveis por sua construção. Lembram aquele mundo que referiam os debatedores do primeiro dia? Um mundo sem intermediários, um mundo em que já não confiamos cem por cento em representantes? Esse é o mundo em que as mulheres falam por si mesmas. Esse é o mundo em que vozes antes silenciadas revelam novas formas de compreender o mundo. Esse também é o mundo em que já não aceitamos uma política em que nossos representantes sejam predominantemente homens, brancos, heterossexuais. Se o velho Estado já não nos representa, se a constituição machista do mundo só nos fecha portas, precisamos abrir a boca e ir à luta. Como a mulherada empoderada do Conexões Globais.

A mesa das 18h00, “Diversidade sexual e de gênero: os desafios do ativismo em rede”, foi aberta com a fala de Sophia Starosta, membro do NUPSEX e do Centro de referência em Direitos Humanos da UFRGS. Sophia nos contou um pouco de sua trajetória pessoal e como isso definiu sua luta pela visibilidade e pela defesa dos direitos das mulheres trans. Segundo ela, a violência contra os transexuais é acentuada quando o feminino está em questão. Isso fica claro nos números de atos violentos contra indivíduos trans: em sua maioria destinados a mulheres, indicando um traço misógino predominante, uma intolerância a escolha do indivíduo que quis se feminilizar.

Juliana Bueno, que trabalha na Secretaria Especial de Direitos Humanos do Governo Federal, falou principalmente sobre o trabalho do #HumanizaRedes, programa governamental que tem como principal função visibilizar a população LGBT a partir de uma desconstrução de   preconceitos e discursos de ódio. Quando perguntada sobre a origem do programa, Bueno esclareceu que ele é feito em constante diálogo e colaboração com representantes da comunidade LGBT, reconhecendo que as instituições não estão preparadas para estabelecer prioridades e necessidades de grupos até então marginalizados. Exercitar a escuta atenta à alteridade é um dos desafios da tão falada reforma política: como tornar estruturas institucionais permeáveis a demandas antes silenciadas?

Indianara Siqueira com a palavra no Conexões Globais (Foto: Erick Peres/Nonada)
Indianara Siqueira com a palavra no Conexões Globais (Foto: Erick Peres/Nonada)

“Sou pessoa de peito e pau”, assim Indianara Siqueira se definiu em meio a uma fala cheia de antidogmatismo e irreverência. Afirmou ter orgulho de ser trans e prostituta, e disse que não abriria mão da liberdade de trabalhar a hora que deseja. Como ativista da causa trans e responsável pelo PreparaEnem, não quer “salvar ninguém da prostituição”, mas dar às mulheres trans a possibilidade de escolher o que acharem melhor para elas, porque atualmente a prostituição aparece como única opção. Indianara tocou em um dos pontos de tensão do movimento feminista, ao chamar de hipócritas as mulheres que criticam a prostituição mas não criticam o casamento, uma vez que a maior parte dos crimes de misoginia e violência sexual acontecem dentro de casa, por parte de maridos e outros familiares. Para ela, primeiro temos que discutir o casamento, discutir a Igreja, discutir a família, depois discutir a prostituição.

Politicamente atuante há pelo menos duas décadas, Indianara lembrou que, como trans, nunca viveu uma situação política ideal, e por isso sempre esteve do “lado menos pior”. Dante da atual crise, se posicionou ao lado do governo. Convidou todas a irem para a rua em defesa da democracia e em sororidade à figura da presidente Dilma, pois é preferível sermos governadas por uma mulher do que por homens, nessa sociedade racista, homofóbica, misógina e assassina. A mediadora da mesa, Nanni Rios, encerrou as falas com um agradecimento pela oportunidade de estar ao lado daquelas mulheres. Comentou sobre alguns de seus projetos, salientando o papel da mídia em disseminar narrativas de grupos invisibilizados como a comunidade LGBT, contribuindo para a desconstrução de estereótipos e para rebater o discurso hegemônico branco heterossexual. Também comemorou o fato de que naquele dia havia sido a primeira aula do TransEnem, curso preparatório para o exame nacional, voltado apena para alunos trans e inspirado pelo PreparaEnem.

A mesa “Mulherada empoderada: os feminismos insurgentes nas ruas e nas redes” não apensa fechou o Conexões Globais: lacrou. A primeira a falar foi Monique Prada, prostituta, escritora e estudante universitária. Provocou o público com a pergunta: é possível ser prostituta e feminista? Para ela, não há como romper a estrutura sistêmica de dominação sem levar em conta as prostitutas, seu empoderamento e a percepção que têm sobre o próprio trabalho. Provocando risos, Prada disse preferir “ser mal falada, a mal paga”, referindo-se ao fato de que as mulheres ainda ganham menos que os homens em diversas profissões. Também convidou todos a conhecerem a página mundoinvisivel.org, que reúne textos seus e de outras profissionais do sexo, inclusive traduções de obras escritas por mulheres da Argentina, do Reino Unido e da Espanha.

Clara Averbuck, escritora e blogueira, falou brevemente sobre sua trajetória desde os 22 anos, quando deixou o Rio Grande do Sul e foi morar em São Paulo. A razão teria sido a realidade machista, racista e reducionista de nosso estado, que dificultava seu desejo de ser escritora. Disse que sempre foi uma mulher independente, mas só tornou feminista com 30 anos, quando passou  a perceber o machismo em si mesma a se dedicar ao empoderamento feminino. Em São Paulo, dá aulas de escrita criativa para grupos de mulheres, e desenvolve junto com duas amigas o portal Lugar de Mulher, onde escrevem sobre temáticas cotidianas e sociais a partir de um prisma feminista. Terminou sua fala com um recado àqueles que sempre peguntam, afinal, qual é o papel do homem no feminismo: “Primeiro, aprender a ouvir. Mas ouvir quieto. Se uma mina tá te falando uma coisa, escuta. Depois, é importante conversar e explicar as coisas pro teu bróder, aquele que não vai escutar nenhuma mina”.

A professora universitária e blogueira, Dolores Aronovich, começou contando algumas das ameaças e situações de violência que já sofreu ao longo desses anos à frente do blog Escreva Lola Escreva. O objetivo de chamar atenção para isso era deixar claro àqueles que tratam as demandas feministas como “mimimi” que ainda somos tratadas como sub-cidadãs, que ainda temos muito por defender e conquistar. “Ser feminista na internet é ser atacada”, comentou, lembrando que a ONU divulgou recentemente estudo que comprova serem as mulheres os alvos principais de crimes na rede. Diante disso, convocou as feministas à união: “Precisamos saber reconhecer os nossos inimigos. E nos juntar contra eles. Não dá mais pra perder tempo brigando entre si. Os reaças são organizados, e claro, tem tempo livre, mas a gente precisa se organizar também.” Por fim, ressaltou que uma das barreiras a serem derrubadas na luta pelo direito das mulheres é a criminalização da misoginia.

Mesa sobre feminismos encerrou o evento (Foto: Erick Peres/Nonada)
Mesa sobre feminismos encerrou o evento (Foto: Erick Peres/Nonada)

Negralisi da Rosa, ativista e estudante de enfermagem, nos brindou com vinte minutos de fala que poderiam ter se estendido pela noite toda sem que cansássemos de nos inquietar com suas reflexões. Reiterou alguns dos posicionamentos anteriores sobre a importância de se levar em conta um recorte racial no feminismo, utilizando sua própria experiência como mulher negra.  “Enquanto as mulheres brancas estavam reivindicando direito ao trabalho, as mulheres negras já trabalhavam há muito tempo”. Para ilustrar essa patente divisão racial do trabalho e do feminismo, relatou situações de racismo e machismo que sofre no trabalho diante de outras mulheres que nada fazem, afinal ela é apenas a “moça do cafezinho”. Além disso, deixou claro o dilema sofrido por diversas mulheres que desejam fazer frente a comentários ou comportamentos abusivos de homens no local de trabalho mas não o fazem por medo de perder o emprego que garante o sustento de seus filhos.

Para ela, o machismo mais difícil de combater é esse que está no cotidiano, nos aspectos que definem as posições de trabalhadora, mãe, estudante, e por isso temos que lutar o tempo todo. Também defendeu a legalização do aborto e o direito da mulher sobre o próprio corpo. Sob aplausos, afirmou que “falta inventar a paternidade”, pois não só a responsabilidade pela criação dos filhos recai sobre as mães, mas há uma moral implícita que ainda autoriza os homens a simplesmente “seguirem suas vidas”. Finalizou sua fala dizendo que o feminismo também diz respeito às mulheres negras e que precisamos nos unir, sob pena de não avançarmos.

A fala da advogada Rubia Abs da Cruz, coordenadora geral da THEMIS, contrapôs as críticas de Clara Averbuck e Negralisi da Rosa à Lei Maria da Penha, dizendo que sim, a aplicabilidade prática do Direito tem falhas, mas é um começo. Também reconheceu a importância da ampliação do feminismo, que surgiu como uma linha teórica acadêmica, de mulheres brancas, mas que tem se renovando a partir das vozes que não se sentiam contempladas por esse velho feminismo, no que a internet tem papel fundamental.

Durante as três mesas desse 02 de abril, quase todas as participantes expressaram sua indignação com a capa da IstoÉ daquela semana, que estampava o rosto da presidenta Dilma, com dizeres misóginos sobre estar desequilibrada e “sem condições emocionais para governar o país”. Isso contribuiu ainda mais para o clima de sororidade entre as debatedoras e o público, predominantemente feminino. Entre nós, mulheres do Nonada que estavam acompanhando o evento, a sensação durante aquele dia foi de indignação com esse mundo machista que não nos representa, mas também de crescente esperança na força política e transformadora das mulheres.

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Mais que conectar pessoas distantes e informar sobre realidades antes desconhecidas, a web transformou cada sujeito em autor e cada consumidor em produtor. O que está em crise é a sociabilidade baseada em intermediários. O fenômeno que começou no mercado fonográfico, com bandas e fãs dependendo cada vez menos de produtores e gravadoras e relacionando-se diretamente, atingiu o velho modelo de Estado democrático representativo. A participação direta – nos setores sociais, políticos, culturais – parece ser uma das demandas centrais desse novo período histórico que começamos a construir. Emergem do silenciamento para o megafone e os trend topics das redes sociais uma diversidade de vozes e uma pluralidade de necessidades que de outra forma se perderiam no telefone sem fio da democracia representativa. O Conexões Globais propiciou aos seus participantes uma experiência intensiva deste mundo em devir – em que a tecnologia, a diversidade cultural e a participação social estão e devem continuar em diálogo e cooperação. Isto também significa: um mundo em que personagens secundários e excluídos da história oficial se revelam autores e protagonistas de uma outra história.

LEIA TAMBÉM: Entrevista com Lola Aronovich e Clara Averbuck 

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