Por Gabriel Palma*
Na TVE RS eu aprendi a importância da comunicação pública. Há três anos e meio eu presencio e faço parte da batalha que é trazer conteúdo de qualidade contra tantas vontades. Aprendi a ideia de serviço, de direito, de imprescindibilidade do que se faz aqui. De dar voz e de, dentro do possível – nem sempre tão possível – fugir dos cortes mercadológicos e partidarizados que insistem em nos podar.
Produzindo o Estação Cultura – TVE, já chamamos gente das mais diferentes origens e minorias para conversar sobre os jeitos de contribuir para a nossa cultura. Tantas mulheres, da rapper à filósofa consagrada, da cantora transexual à pesquisadora acadêmica. Do Jards Macalé aos tantos amigos que tavam lançando o primeiro cd em algum dos bares da Cidade Baixa.
Nunca reproduzimos a demagogia da imparcialidade.
Quando escrevi minha monografia, tive a oportunidade de ler sobre comunicação pública e seu desenvolvimento, especialmente na América Latina. Uma frase que marcou nessa época foi a do Jesús Martín-Barbero, que diz que o nosso caráter principal é garantir “o direito ao reconhecimento social e cultural, o direito À EXPRESSÃO DE TODAS AS SENSIBILIDADES NARRATIVAS NAS QUAIS SE AMOLDAM A CRIATIVIDADE POLÍTICA E CULTURAL DE UM PAÍS”.
Acredito ser bem por aí, para que se possa tentar equalizar e democratizar a relevância dos papeis de quem, em todas as outras esferas, sofre a opressão e a exclusão de uma sociedade como a nossa.
Nesse tempo, muita gente que tá dando a cara a tapa encontrou aqui um espaço de luta, de resistência, de dignidade. Assim como gente que, daqui da casa, encarou as arbitrariedades, intransigências, censuras e abusos dos indicados pelo governo que por aqui passaram ou que aqui ainda estão.
Isso porque nem me sinto capaz de mensurar a importância das outras fundações que nos acompanham nessa barbaridade.
Para além dos empregos de toda essa gente (que não vão magicamente se transformar em novos policiais para a classe média), essa luta é sobre o direito de não vender a nossa cidadania. De não se entregar ao absurdo dessa tragédia midiática, corroborada por “colegas” cujo papel mais uma vez é de abutre, por jornalista que prefere esquecer a apuração para servir de coro a esse lixo.
A tua comunicação pública está ameaçada.
A tua cidadania é atacada mais uma vez.
Resistiremos.
*jornalista e funcionário da TVE