Ester Caetano
Fotos: divulgação
Uma cantora que usa da música como arma para denunciar e despertar pessoas: é assim que a rapper Kaê Guajajara se define. Mesmo sendo atravessada por uma vivência que por muito tempo a forçou a se esconder da própria cultura por medo, ela viu que poderia usar os saberes indígenas coletivos para declamar as violências contra os povos indígenas e pela afirmação da sua identidade.
Kaê, assim como outros jovens indígenas de diversas etnias, está se posicionando com sua arte e suas opiniões nas redes sociais. Os influencers conseguem capitanear pessoas para entender as questões indígenas e, assim, poderem colocar em evidência o racismo estrutural e o etnocídio. A artista une música ancestral e urbana, defende a si mesma e deixa claro que não deixará que apaguem suas memórias e virtudes.
Ajudando a reescrever a história forjada de um Brasil “descoberto”, em 2020 a artista lançou o livro “Descomplicando com Kaê Guajajara: o que você precisa saber sobre os povos originário e como ajudar na luta antirracista”. Com a ajuda de mais 11 ativistas indígenas de diversos povos, a obra constrói um guia prático de como os não indígenas podem ajudar na luta antirracista e desmitifica as ideias construídas a partir de uma visão colonial.
Em setembro, a ativista lançou seu mais novo álbum, Kwarahy Tazyr. Nas letras, faz uma provocação e um questionamento sobre a visão do homem branco. Kaê se coloca como agente de mudança das questões indígenas e denuncia uma realidade de violência, racismo e exploração a indígenas aldeados e aos que estão nas favelas das cidades.
Nesta entrevista, ela conta que a maior luta que trava é contra o governo que tenta deslegitimar as raízes indígenas. “A partir do momento em que ele diz que a gente precisa se civilizar, que a gente precisa se integrar, sermos brasileiros, isso já tira totalmente a nossa autonomia enquanto povos originários. O Governo faz totalmente o contrário da preservação das nossas terras e do nosso bem-viver, ele flexibiliza leis para que o agronegócio vá com tudo pra cima das terras indígenas.“
Nonada – Como você avalia até agora o julgamento e a mobilização contra o marco temporal?
Kaê Guajajara – Para começar, o marco temporal já é um Projeto de Lei inconstitucional que não deveria nem estar sendo sequer cogitado, uma vez que todos nós deveríamos ter a consciência de que o Brasil foi invadido. Nós estávamos aqui muito antes, o Brasil veio depois de nós, indígenas. E isso é uma coisa que está escancarando uma outra ferida colonial, que é de que o indígena já vem de uma aldeia demarcada”. Não, a gente tá agora vivendo 521 anos depois da invasão e a gente não tem como cobrar o congelamento do indígena.
Existem hoje indígenas que ainda estão lutando pelas suas terras, existem indígenas que não são articulados politicamente e que ainda não estão fazendo essa luta “política” e existem os indígenas isolados que são tão contra o governo que nem mesmo quer o contato, muito menos articular algo. É importante que a gente pense todas essas realidades e tire esse estereótipo de que o indígena está num lugar. É um lugar que, mesmo demarcado, tem validade. Eu estava lendo uma matéria e eu nunca tinha escutado falar sobre isso, descobri isso essa semana. Pra mim era: demarcou e já era, e não é tão assim, demarcou, mas continua acontecendo especulação imobiliária, pressão do agronegócio, flexibilização de leis, e criação de leis para ter como fim tirar dos povos originários .
Inclusive alguns povos, infelizmente já estão fazendo essa narrativa do governo de não enfatizar todo genocídio e etnocídio que a colonização causou. São 521 anos, infelizmente ainda temos muitas igrejas dentro das aldeias. Eles não tinham autonomia nem pra si mesmo e nem muito menos para articular com o governo qualquer “melhora” na vida deles.
Nonada- A Funai um órgão que deveria representar e defender os ideais dos indígenas nos últimos tempos tem ações contra esses ideais. Como você enxerga a Funai?
Kaê – Eu enquanto indígena que já nasci fora de uma terra demarcada, a minha aldeia é não demarcada. Então a minha família já veio de um processo de escravidão dentro do próprio território não demarcado, mesmo sabendo o povo, mesmo eles se reconhecendo, eles estavam sendo escravizados. Eles não tinham autonomia nem pra si mesmo e nem muito menos para articular com o governo qualquer melhora na vida deles.
Por conta desta minha narrativa de aldeia não demarcada e de eu ter crescido na favela, a minha família já me instruiu que a Funai não tem como salvar a gente, justamente porque esses órgãos fazem parte do governo, fazem parte desse plano. Inclusive a Funai é o antigo SPI, o antigo Serviço de Proteção do Índio, que foi criado para civilizar, para exterminar, pra genocidar. Os órgãos do governo estão articulando diretamente com esse plano e qualquer coisa que venha a partir deles pra dizer sobre uma representatividade, para dizer sobre uma evolução sempre temos que ter o pé atrás. Funai pra minha família que vem desse contexto já é figurinha marcada que não nos representa.
Hoje ainda existem povos, que sim, por estarem nas aldeias demarcadas articulam com a Funai e lançam votos de esperança para que algo mude. Eu já acho que não tem como, num projeto que atenta contra a nossa vida. A partir do momento em que ele diz que a gente precisa se civilizar, que a gente precisa se integrar, sermos brasileiros, isso já tira totalmente a nossa autonomia enquanto povos originários. O Governo faz totalmente o contrário da preservação das nossas terras e do nosso bem-viver, ele flexibiliza leis para que o agronegócio vá com tudo pra cima das terras indígenas.
Nonada – De que forma a atuação digital de influencers como você tem ajudado na luta indígena, falando tanto da comunicação direcionada pros indígenas quanto para os não indígenas?
Kaê – A gente já aprendeu a usar as ferramentas do branco ao nosso favor. Assim como eles usam o banho a favor deles, a gente usa a internet para denunciar as várias formas de atrocidades que vem acontecendo desde a invasão. Todas as vezes que a gente tá com o celular e vai falar sobre qualquer coisa na internet, as pessoas sempre questionam, “nossa vocês estão com celular, nossa mas você está com iPhone, um celular melhor que o meu.” Ou seja, a gente não pode. Por quê?
As pessoas não imaginam o indígena adentrando esses lugares, tendo dinheiro. É uma coisa que não conversa. E realmente não deveria conversar, pra estarmos aqui vivendo essa situação, se a gente não trabalha a gente não come, a gente não sobrevive. Então, hoje a gente precisa dessa comunicação, que é justamente a comunicação que os não indígenas estão usando mais pra denunciar todas essas vivências inviabilizadas. O Brasil ainda é um país bi-racial que só leva em conta os brancos e pretos em suas políticas públicas, então essas tecnologias são uma fonte essencial para denunciar todas essas coisas.
Nonada – Quais erros os não indígenas cometem quando abordam questões indígenas?
Kaê – O termo indígena generaliza todos nós, somos diferentes um do outro, cada um tem um povo. Sou diferente de outro indígena porque ele é de outro povo, ele tem outra cultura, outra língua totalmente diferente. Mas na régua o brasileiro fala “ah não, é tudo índio, tudo indígena, é a mesma coisa”, só que não. Claro, a gente tem em comum a cultura em torno da preservação da natureza e muitas outras coisas, mas a cultura é totalmente diferente, por isso também não somos iguais.
E tem a questão do estereótipo dos traços, pele marrom, cabelo liso, e novamente cobram a imagem congelada de 1500. Dizer que nós somos de antes da miscigenação forçada é muito importante. Nós indígenas somos o berço do Brasil. O Brasil foi criado em cima dos corpos estuprados de mulheres indígenas e posteriormente de mulheres negras e tanto o preto quanto o indígena sofreram a escravidão e estão hoje vivendo em algum nível as consequências da colonização.
Nonada – E como de fato você acha que os nãos indígenas podem ajudar na luta antirracista?
Kaê – Eu acho que fazendo a gente ser mais presente, compartilhar as coisas que a gente tá falando e nunca atropelar o nosso lugar de fala. Muitas pessoas chamam o antropólogo para falar por nós e, muitas vezes, eles já levam a narrativa do colonizador no rosto. É muito importante que chamem a gente pra falar sempre, nós não estamos mortos. A sociedade toda imagina que estamos agora aqui vivendo na cidade porque os indígenas morreram.
Não, estamos aqui coexistindo. Sempre que você vê uma coisa sendo falada que é sobre indígena ou sobre preto, e a fonte daquilo é um branco, questione. Questione porque eles ficam sempre se colocando como heróis, como se fosse uma conquista, uma independência, uma coisa fenomenal que aconteceu. E quando você vai ver na contabilidade, está só o nosso sangue pesando lá na balança.
Nonada – O que distancia e aproxima os indígenas e não indígenas?
Kaê – O que leva a não aproximar é que os não indígenas estão sempre pensando individualmente. E os indígenas em sua maioria, não vou generalizar, pensam na construção de lutas coletivas. São lutas que são para um povo, são lutas que são pra natureza, para preservação de um todo. Os povos indígenas protegem mais de 80% dos biomas do Brasil e do mundo até. O que poderia aproximar seria se não tivesse essas narrativas do colonizador. Porque todo ser humano quando não está sob a narrativa do colonizador, tende a fazer um caminho de volta pra natureza, que seria o que teríamos em comum. Porque a gente precisa do mesmo ar para respirar, a gente precisa da mesma água pra beber, a gente precisa das mesmas coisas pra sobreviver. Então esse caminho de volta eu acho que é uma coisa que super uniria a gente de novo.
Nonada – Se fala muito sobre o futurismo indígena nas produções culturais. O que é futurismo indígena?
Kaê – O futuro indígena pra mim só pode ser ancestral. Justamente fazendo esse caminho de volta. A gente não tem como pensar no futuro novamente com a narrativa do branco, que é evoluir e passar por cima de tudo, matar quem precisar. A gente já tá assim num num ponto em que o planeta não está aguentando. Tudo está em desequilíbrio não só aqui fisicamente como espiritualmente também. Como vai ser quando a gente sair da pandemia, como vai ser quando a gente for melhor? Esse “melhor” é a volta pra casa, tomar a nossa mente coletiva, que é isso que faz com que a gente preserve não somente a natureza, mas como todos à nossa volta. Tudo que eu estou fazendo aqui é uma coisa que volta pra mim de novo. Imagina isso a nível mundial, no planeta Terra. Olha o que os brancos estão fazendo até agora. Então pensar no futuro é pensar na volta pra casa, é pensar em como que a gente vai fazer pra existir.
Nonada – E como esse pensar influencia na criação das suas músicas?
Kaê – Nas minhas músicas, eu sempre coloco as minhas vivências, e todas as coisas que eu penso também diretamente dos meus sonhos. Eu pego melodias que eu sonhei, eu já acordo, escrevo essa melodia. E vou falando as letras que eu acho que caberia naquela melodia. Pra falar todas essas coisas que eu falo, que muita muita gente não tem coragem de falar, foi um trabalho mesmo de autoestima enquanto mulher indígena. O governo diz que a gente não existe, então falar as coisas que eu falo e com a autoestima que eu falo ainda é uma coisa bem doida.
Nonada – Na música “Território Ancestral”, tem um verso que diz “Kaê na mata, Aline na urbanização” É preciso se diferenciar para viver na urbanização?
Kaê – É justamente sobre isso. É sobre esse apagamento de eu ser quem eu sou na mata e quando eu vou pra cidade, eu me torno uma outra. Eu tenho um nome de branco, eu preciso me embranquecer para conseguir trabalhar, pra conseguir estar nos lugares e ser bem vista. Até o próprio nome é um nome escravocrata, é um nome que veio de uma família branca. É por isso que eu falo sobre o território ancestral e mais, sobre essa identidade que foi apagada em cima desse território. Por isso que é Kaê na mata e Aline na urbanização. São duas pessoas diferentes e muitos indígenas também vivem esse dilema de ter duas identidades.
Nonada – O quanto as cidades ainda são atravessadas por uma visão colonial e racista?
Kaê – Olha, eles ficam bem chocados. Eles te roubam tudo, não te dão políticas públicas e depois que você se libertou da escravidão, eles não dão nada pra que você se vire e viva. Eles só dão ferramentas para que você sobreviva. Então qualquer vestígio de autoestima ou de algo bom para aquele indígena é passível de discussão. “É dele mesmo? Eu acho que ele roubou, eu acho que não é dinheiro dele porque não tem como”. Por que que não tem como? É o inconsciente do roubo.
Eles não querem bater no peito e dizer que eles roubaram a gente, mas quando a gente aparece com alguma coisa eles perguntam como que a gente conseguiu. Mas isso pro branco não é questionado, ninguém pergunta pro branco como é que ele fez pra conseguir. Todo mundo já espera que ele tenha. Ele já é um herdeiro. Independente se ele tem dinheiro ou não, ele é um herdeiro de privilégios, exemplo da sociedade. Enquanto o indígena é um herdeiro de violência. O que a gente herdou desde a colonização foram violências em vários níveis, ecocídio, nutricídio, genocídio, todos os ídios a gente está colecionando.
Nonada – Como foi sair da vivência de aldeia, mesmo não sendo demarcada, e ir para a cidade? Influenciou a dificuldade em se ver?
Kaê – Tinha dificuldade de me ver, porque eu me via e minha mãe me proibiu de exercer a cultura na cidade. Ela tinha muito medo da gente ser reconhecida, muito medo do que as pessoas poderiam fazer comigo, como fizeram com ela. Ela passou não só pela escravidão, mas por vários abusos sexuais dentro desse território e então ela tinha muito medo de que as pessoas fizessem isso aquilo comigo e aí e foi o que aconteceu. Eu tive a autoestima pra dizer quem eu era, antes mesmo que eu pudesse ter a autoestima de passar o urucum no meu rosto.
Com coragem na cidade, eu sofri um abuso. No Rio de Janeiro. E eu pensei: “Se essas violência acontecem comigo apagada, imagina eu com a autoestima, com todos os trajes e as pinturas”. Então foi aí que eu falei: “Não, eu vim para ser eu, nesse Brasil, nesse mundo, não vou me apagar”. Tupã deu asa à cobra. Aí foi quando eu peguei mesmo a autoestima, eu vou ser quem eu sou, porque vou ser morta de qualquer forma.
Nonada – Na sua visão, a luta dos indígenas não aldeados difere dos aldeados?
Kaê – São dois territórios diferentes, apesar de serem os mesmos. Ainda há um grande preconceito entre essas duas narrativas. Inclusive, em vários lugares que eu vou também sofro esse racismo interétnico, que é o racismo entre minorias do mesmo grupo. Justamente pela diferença de narrativas, diferenças políticas. Então o indígena que está aldeado está lutando por demarcação de terra e melhoria e a verdadeira efetuação dos direitos. Só que a diferença é que o não aldeado também está pensando em políticas públicas na cidade, na favela, porque não existe a gente dentro dessas leis, não conta com a nossa existência.
Não existem políticas públicas para indígenas nesses lugares, e uma situação recente que escancarou esse caso foi a questão da vacinação, que disseram que era pra indígena. Só que quando os indígenas da cidade foram se vacinar, disseram que era só pros aldeados. Só tem direito quem está na aldeia. Essa é uma discussão que está se tornando cada vez mais recente porque também muitos indígenas que estão nas favelas e na cidade estão começando a ter muito mais autoestima também. Eles têm a autoestima pra dizer que eles são indígenas e aí vem o Governo e muitas vezes vem a galera que tá na aldeia demarcada e dizer que ele não é. Então não é só uma aldeia que existe daquele povo, são várias aldeias. O importante é essa pessoa saber a identidade dela, porque a deslegitimação vai vir independentemente.
Nonada – Quais são as maiores dificuldades que você passa no seu território?
Kaê – Uma grande dificuldade era conseguir empregos e de estar nos lugares. Por quê? A gente usa uma tinta de jenipapo que fica quinze dias no corpo. Eu passava lá na aldeia, fazia o ritual, sexta-feira. Tá, segunda-feira eu tenho que trabalhar. Como que eu vou trabalhar com essa pintura na minha cara? Então isso era uma coisa que não é conversada nas empresas.
Quando fala alguma coisa da cultura indígena, não é nem questionado, inclusive eu já fui mandada embora de duas empresas porque eu estava indo pintada pro trabalho mais uma vez. Eles achavam que era sacanagem minha. Isso foi uma grande dificuldade porque se a gente precisa existir, se a gente precisa trabalhar e eu não posso trabalhar sendo quem eu sou. Ainda mais sem política pública mesmo no lugar onde eu estou você tá fadado a ficar na margem pra sempre. E morrer ali viciado em droga, de tiro ou alguma coisa do tipo.
Nonada – Em “Mãos Vermelhas”, a letra inicia com “me diz pelo que você luta?” A partir disso, quem é a Kaê Guajajara e pelo que luta?
Kaê – Sou uma indígena cantora que usa música como arma pra estar denunciando e despertando as pessoas. Porque eu acredito muito que da mesma forma que o Governo conseguiu fazer a cabeça de uma massa de pessoas, a partir das escolas, a partir das instituições, eu acredito que a gente possa refazer isso. Podemos sim adentrar as escolas e falar, gente, essa é a verdadeira história.
Eles estão fazendo um plano para que você futuramente pratique o racismo contra mim, pra que você futuramente possa votar em alguma flexibilização de lei, para que você futuramente seja um deles. Eles acham que a gente lutar por atividade nos comerciais, nas novelas é nossa luta. Sendo que é muito mais do que isso, não adianta nada ter representatividade nesses lugares e estar sendo morta na nossa terra. O plano está seguindo perfeitamente.
Hoje eu luto por autonomia. Meu castelinho caiu quando eu vi terras indígenas com validade. Eu não acredito no poder do branco de demarcar terras que são nossas, nós deveríamos estar demarcando pra eles. A gente deveria estar fazendo isso, não o contrário. Então hoje eu luto por autonomia, eu luto por autonomia não só de todos os povos, mas de todas as mentes.
Nonada – Kaê, você acabou de lançar um álbum. Quais são as expectativas quanto à repercussão?
Kaê – Fico com as expectativas baixas quando falam sobre o público. Porque eu sei que não é uma narrativa que todo mundo ouve. Mas fico muito feliz de ter a autoestima depois de tanto tempo me escondendo. Pra mim, lançar esse álbum, com essa qualidade que ele tá e me preparando pra também sair visualmente, fico muito realizada internamente. Muitas pessoas já estão me dando retorno, dizendo que se emocionaram, que conversou com elas as coisas que eu disse. Mas eu acho que antes de emocionar elas, foi primeiramente a minha emoção ali sendo colocada totalmente pra fora, me transbordando.
Esta reportagem é uma produção do Programa de Diversidade nas Redações, realizado pela Énois – Laboratório de Jornalismo, com o apoio do Google News Initiative.