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Cultura e Economia Criativa representam 3,11% do PIB brasileiro, ultrapassando o setor automotivo

Os setores da produção artística, do patrimônio e da economia criativa movimentaram R$ 230,14 bi dos R$ 7,4 trilhões que a economia brasileira gerou em 2020. Os setores criativos, que empregam 7,4 milhões de trabalhadores no país, representam 3,11% do PIB brasileiro, índice maior que o setor automotivo (2,5%) e próximo do setor da construção civil (4%).

Os dados integram uma plataforma de mensuração do PIB da Economia da Cultura e das Indústrias Criativas (ECIC) no Brasil, lançada pelo Itaú Cultural nesta segunda-feira (10). O cálculo considera salários dos profissionais, lucros das empresas e outros rendimentos de empresas e indivíduos ( que também inclui trabalhadores não celetistas), além da renda gerada via lei Rouanet.   

Por meio do Painel de dados do Observatório Itaú Cultural, pesquisadores e agentes culturais podem visualizar dados sobre o PIB de diferentes segmentos artísticos, como o audiovisual, editorial, música, artes cênicas e artes visuais. Dados de segmentos de tecnologia, como os games, e de consumo, como moda, design, arquitetura e publicidade, também estão disponíveis.

O levantamento, coordenado por Leandro Valiati, professor pesquisador da University of Manchester e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, tem como metodologia bases de dados oficiais e considera as atividades econômicas registradas pelo IBGE (CNAEs). Por isso, categorias como as culturas populares ainda não estão contempladas.

 “Isso é um grande desafio. Como produzir estatística sobre cultura popular? Quais os registros formais que quem faz cultura popular tem em termos de renda e empregabilidade?”, aponta Valiati, destacando que essa questão também passa por pensar em modelos de mensuração que possam englobar as características desses setores hoje subrepresentados.  

O estudo também revela que, entre 2012 e 2020, o PIB da ECIC cresceu em um ritmo mais acelerado do que o PIB total brasileiro, e que existem 130 mil empresas criativas no país, que foram responsáveis pela exportação de  R$ 61 bilhões em 2020. A participação do  PIB da economia criativa na economia nacional é maior em  comparação com países como África do Sul (2,9%), Rússia (2,4%) e México (2,9%)

A proposta da plataforma é contribuir com subsídios que podem embasar decisões mais perenes sobre políticas culturais, além de mostrar que a cultura e a economia criativa podem ser mais valorizadas como peças fundamentais da economia brasileira. 

Eduardo Saron, presidente da Fundação Itaú, defende que as políticas públicas de cultura sejam valorizadas como centrais no âmbito dos governos e não apenas nas secretarias de cultura. “Pensar a cultura também significa impactar a saúde, impactar o emprego. As indústrias criativas precisam ser percebidas como matriciais ao conjunto de políticas públicas e do governo, porque elas também impactam no desenvolvimento”. 

Segundo a plataforma, o peso dos setores criativos na economia varia conforme a região. No norte, a ECIC corresponde a 0,3% do PIB, no nordeste, 0,5% e no centro-oeste, 0,8%. No sul e no sudeste, regiões que mais recebem incentivos via Lei Rouanet, por exemplo, os índices sobem para 2,6% e 3%, respectivamente. 

“Em termos de distribuição por Estados, as UFs que apresentaram maior contribuição para o PIB da ECIC foram São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina e Paraná. Não por acaso, esses também são os estados que apresentam a maior quantidade de empresas culturais e criativas” diz o relatório que integra a plataforma.

A partir dos dados, explica Valiati, gestores públicos podem enxergar onde podem alocar recursos para incentivar os setores criativos e criar políticas públicas sólidas que não sejam suscetíveis a mudanças de governo, por exemplo. “Que tipo de incentivo público tem essas atividades? Esse montante é suficiente?”, questiona. 

Os números do PIB da cultura e economia criativa

7,4 milhões de trabalhadores

R$ 230 bilhões movimentados em 2020

R$ 61 bilhões líquidos exportados em 2020 (2,4% do total brasileiro)

130 mil empresas (3,25% do total de empresas no Brasil)

3,11% do PIB brasileiros (mais do que o setor automotivo, que corresponde a 2,50%)

*A repórter viajou a São Paulo a convite do Itaú Cultural

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Nortista vivendo no sul. Escreve preferencialmente sobre políticas culturais, culturas populares, memória e patrimônio.
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