Ilustração: Cecilia Marins/Nonada

Nonada integra rede nacional de jornalismo com foco em checagem das Eleições 2024

O Nonada Jornalismo integra uma rede de 10 organizações e coordenação da Énois Laboratório de Jornalismo que vai atuar na checagem de desinformação eleitoral. 89% das pessoas moradoras de periferias no Brasil já foram vítimas de notícias falsas, de acordo com o Instituto Data Favela, em pesquisa divulgada em julho deste ano e, segundo o Instituto Locomotiva, 90% da população brasileira admite ter acreditado em fake news. Isso indica que combater a desinformação eleitoral de maneira assertiva só é possível em rede e conhecendo os diversos territórios populares do nosso país.

Pensando nisso, a Énois Laboratório de Jornalismo junto às organizações Agência Lume (RJ), Carta Amazônia (PA), Carrapicho Virtual (BA), Com_Texto (MT), Correio do Lavrado (RR), Olhos Jornalismo (AL), Nonada Jornalismo (RS), Teatrine TV (MS), Transmídia (SP) e Sul21 (RS) lançam nesta quinta-feira (15/08) o programa Diversidade nas Redações – Desinformação e Eleições, com patrocínio da Google News Initiative. Ainda, o projeto conta com o apoio da  Agência Lupa, Agência Tatu, do Desinformante e do Reocupa.

O Nonada realizará uma cobertura com foco em desinformação sobre educação, cultura, religiões de matrizes africanas identidade de gênero. Sugestões de pauta podem ser enviadas para o email thais.seganfredo@nonada.com.br. Também está prevista uma oficina sobre Combate à Desinformação para educadores e agentes da cultura no dia 04 de setembro, às 19h. Inscrições serão anunciadas em breve.

Sobre o programa

O Diversidade nas Redações é um programa de treinamento da Énois, que tem centralidade no fortalecimento institucional e financeiro de redações jornalísticas, por  meio do impulsionamento da diversidade de gênero, raça e território. O foco na temática da desinformação e eleições, com checagem de notícias falsas veiculadas por Whatsapp,  marca o terceiro ciclo do programa que traz um diferencial na distribuição de recursos para as organizações envolvidas.

Desde a sua primeira edição, o Diversidade nas Redações nunca chegou ao valor de R$ 40 mil destinados para cada iniciativa, totalizando R$ 400 mil investidos pelo programa na rede parceira. Esse diferencial da edição é fruto de muita escuta do campo do jornalismo local sobre as suas principais demandas. Redações locais conseguem identificar desinformação com mais facilidade por terem mais proximidade com quem vive nos territórios. Fortalecer essas iniciativas é expandir as possibilidades desse ecossistema jornalístico, como mostra o relato de Géssika Costa, fundadora do Olhos Jornalismo (AL).

“Em quatro anos de existência, essa é a primeira vez que entra um recurso dessa ordem para o Olhos. Sabemos o quanto é difícil e burocrático sermos contemplados em editais nacionais e internacionais e ter um pouco mais de flexibilidade para o uso do dinheiro. Entendemos que esse recurso vai ser um divisor de águas na nossa história porque vai nos ajudar a fazer uma cobertura relevante das eleições e apoiar na estrutura geral para os próximos meses”.

O impacto do Diversidade nas Redações – Desinformação e Eleições para o portal Transmídia não é diferente. “Em termos de estrutura organizacional e financeira, é bastante significativo. Em setembro, lançaremos oficialmente o nosso site, o primeiro portal de notícias focado exclusivamente na pauta da população trans no Brasil. Com o projeto, começaremos nossas produções cobrindo as eleições, produzindo reportagens aprofundadas e estabelecendo parcerias que são essenciais para o nosso crescimento”, conta Caê Vatiero, cofundador do Transmídia.

A essência do Diversidade nas Redações e da Énois é o compartilhamento de conhecimento, e nesta edição o programa tem um caráter de multiplicação. Desde julho de 2024, as 10 iniciativas de jornalismo local parceiras estão participando de formações temáticas sobre checagem, mapeamento de desinformação, produção cultural e engajamento comunitário. Formações que serão multiplicadas nos territórios em que elas estão inseridas, alcançando um público pessoas que atuam com jornalismo local, comunicação e cultura. As formações serão gratuitas, online, e as datas estarão disponíveis nas redes sociais da Énois a partir desta quinta (15): @enoisconteudo

“A maioria das organizações parceiras no projeto já andam junto com a Énois há bastante tempo. Algumas, a gente viu surgir e crescer e decidimos resgatar essa relação em rede pensando no que faz sentido para elas, desde a questão de recursos até o foco na cobertura das eleições mesmo. Optamos por articular com duas organizações por região e fomos apresentando o projeto”, afirma Sanara Santos, coordenadora do Diversidade nas Redações – Desinformação e Eleições e diretora de Formação da Énois.

A desinformação em contextos de eleições é uma preocupação global, já que tem sido utilizada como estratégia política e de poder por diversos grupos políticos, em sua maioria de extrema-direita. O direito à informação de credibilidade, indispensável à democracia, está diretamente ligado com a escolha do voto. Em contextos periféricos essa relação toma outras proporções quando relacionada à falta de internet de qualidade e à ausência de outros direitos básicos.

“Veículos de notícias pequenos e médios são os responsáveis, muitas vezes sozinhos, por produzir jornalismo e checar informação para suas comunidades ou municípios. Por meio da Google News Initiative, buscamos apoiar iniciativas como a da Énois e fortalecer o jornalismo local, algo especialmente importante neste momento de eleições”, explica Marco Túlio Pires, gerente de Parcerias de Notícias do Google no Brasil.

Após o período de formação nos territórios do projeto, a fase de checagem será iniciada em 29 de agosto. Cada organização irá mapear grupos de Whatsapp que circulam em seus territórios, espaços em que podem circular desinformação. A partir desse mapeamento, elas devem identificar notícias falsas ligadas com o contexto eleitoral. A metodologia utilizada é a do Checazap, primeiro projeto de checagens de notícias a atuar dentro do WhatsApp no Brasil, desenvolvido pela Escola de Jornalismo da Énois e o Data_Labe. E, para além das checagens, também serão produzidas matérias colaborativas com os territórios, diante das suas especificidades quando o assunto é desinformação.

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