Duas novas graphic novels sobre música foram lançadas aqui no Brasil essa semana. Not Quite Dead – O Último Show (21 x 27 cm, 48 páginas, média R$ 29), pela editora Conrad e Bourbon Street – Os Fantasmas de Cornelius (28 x 21 cm, 48 páginas, média R$ 51), pela editora 8Inverso.
O Último Show, do veterano do underground Gilbert Shelton, é o relato da banda de rock Not Quite Dead, a “banda menos famosa do mundo”, em sua primeira turnê internacional. No entanto, eles vão para um remoto país desconhecido produtor de petróleo do oriente médio, funtamentalista islâmico. Na verdade, a banda, apesar de sua empolgação, está sendo usada pelo governo para levar a cultura de sexo, drogas e rock’n’roll ao país, causando uma revolução que justifique uma invasão militar.
Shelton, autor de Os Freak Brothers, faz uma sátira crítica do fundamentalismo religioso e do imperialismo estadunidense e mostra que continua ácido em seu humor irreverente e absurdo. O autor, ativo nos quadrinhos underground desde 1967, veio ao Brasil em 2010, para a Festa Literária de Paraty.
Já Bourbon Street, dos estreantes franceses Phillipe Charlott e Alexis Chabert, com cores de Sébastien Bouet, a graphic novel narra a história de Alvin, um velho guitarrista de New Orleans nos anos 90. Desapontado com sua fracasso em ter uma carreira de sucesso em sua banda de jazz, Alvin se empolga com o sucesso do grupo cubano Buena Vista Social Clube. Ele então chama seus antigos parceiros musicais (também fracassados no mercado musical) e parte em busca de Cornelius, um trompetista muito habilidoso, desaparecido há 50 anos.
A narração é suave e sensível, variando entre Alvin, Cornelius e o fantasma de Louis Armstrong, que tenta convencer Cornelius a dar uma nova chance para o mundo da música. Esse é o primeiro volume da história; o segundo deve chegar ao Brasil em 2013. Outro ponto importante: o livro tem uma apresentação do escritor e jazzista Luis Fernando Veríssimo.
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O Free Comic Book Day de 2012 promete. O evento – por enquanto realizado apenas nos Estados Unidos (fica a dica, editoras e lojas brasileiras) tem o objetivo de, através da distribuição gratuita de revistas em quadrinhos, divulgar publicações, promover o hábito de leitura de quadrinhos por novos públicos – além de ser uma boa maneira de agradar quem já lê.
A distribuidora norte-americana Diamond anunciou que 3,5 milhões de quadrinhos foram encomendados para o evento deste ano, um número recorde. Isso representa um aumento de 23% em comparação ao ano passado.
Com o sucesso, a Diamond anunciou também que vai acelerar planos de realizar um evento similar durante o Halloween, para o segundo semestre. As revistas dessa segunda data devem ter uma temática relacionada ao Dia das Bruxas.
Em geral, as revistas distribuídas durante o Free Comic Book Day são produzidas especialmente para o evento, e as editoras as utilizam de teaser sobre projetos próximos.
O evento está em sua 11ª edição e será realizado no dia 5 de maio.
Foram escolhidos os indicados finais para o 24º Troféu HQ Mix. O júri, formado por jornalistas e especialistas em quadrinhos escolheram os indicados para as 30 categorias da premiação, divulgados no dia 13 de abril.
A cerimônia de divulgação dos vencedores e entrega dos prêmios será no dia 30 de junho, em São Paulo. O homenageado do evento este ano é o desenhista ítalo-brasileiro Primaggio Mantovi, criador do palhaço Sacarrolha, que teve uma revista própria na década de 70 (Sacarrolha será o personagem presente na estatueta do prêmio).
O júri deste ano foi formado por Heitor Pitombo (jornalista), Marcelo Alencar (editor e presidente do júri), Zé Oliboni (crítico), Sam Hart (desenhista de quadrinhos) e Télio Navega (jornalista). Foram levados em consideração nessa lista sugestões apresentadas por leitores no blog oficial do HQ Mix.
Confira a lista no blog do Prêmio.
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Já que estamos no assunto, a revista São Jorge da Mata Escura, de Marcello Fontana e André Leal, que concorre ao Troféu HQ MIX em duas categorias (Publicação Independente Edição Única e Novo Talento – Desenhista) estará disponível para vizualização online enquando durar o período de votação do prêmio. A iniciativa é uma comemoração das duas indicações, e serve também para divulgar a obra.
A idéia é muito boa, ainda mais quando pensamos que a maioria dos leitores que votam não conseguem ler todas as obras indicadas, e acabam inevitavelmente votando naquelas que já leram ou escritas por autores que já conhecem.
A revista pode ser lida no site Quadro a Quadro, do roteirista Marcello Fontana.