A Amazônia, universo ainda desconhecido em sua complexidade por grande parte dos brasileiros, é cenário rico e múltiplo para a fotografia. É ela que dá nome à publicação de Edu Simões, fotógrafo paulista que não hesitou em se embrenhar pela região para compor seu primeiro livro autoral de foto artística.
O autor, atuante no fotojornalismo desde 1976 e um dos fundadores da agência F4, esteve no fim de tarde desta terça-feira, dia 30, na 58ª Feira do Livro de Porto Alegre para autografar Amazônia. Antes da seção de autógrafos, conversou com o público no Santander Cultural, justo no dia do evento dedicado ao tema “viagem”.
Após apresentar, através de projeção, as fotos que estão no livro, Simões contou que o processo que resultou na publicação, composto por cinco expedições, consistiu na realização de dois sonhos: o do lançamento de um livro de autor, e o da produção de um trabalho consistente sobre esta parte do país.
Demonstrando familiaridade com a realidade da região, comentou que desde os anos 1980 visita a Amazônia como fotojornalista, considerando-a um mundo a ser constantemente descoberto. Mas o ponto de vista que adotou não foi o tradicional do fotojornalismo. Ele quis se afastar um pouco dos problemas sociais como critério para fotografar, e assumiu um olhar que ele mesmo chamou de impressionista: “registrei os cenários do roteiro que me impressionavam e emocionavam, trata-se da minha Amazônia pessoal”, explicou.
O preto e branco, assim como o uso do filme e o formato quadrado, não retangular, foram escolhas pensadas. Quando questionado sobre os motivos de não utilizar o digital, ele recuperou a questão da câmera. Para os trabalhos de fotojornalismo mais corriqueiros, o fotógrafo utiliza câmera digital, mas quando se trata de foto artística, há mais de 20 anos utiliza uma Hasselblad de tamanho médio, analógica.
Esta escolha implica resultados diferenciados inclusive pela sua presença frente aos retratados: justamente por não ser uma câmera pequena, e por muitas vezes exigir o uso de tripé, a postura dos fotografados molda-se em reação à ação do fotógrafo. Nota-se esta opção como elemento marcante do trabalho de Simões – a quantidade de fotos posadas, em que os retratados encaram o espectador, confere uma expressividade peculiar à sua obra.
No livro, as imagens foram costuradas pensando em levar o leitor/espectador a adentrar-se pela Amazônia. Primeiramente estão os planos abertos, as paisagens, seguidas pelo contato com os caboclos, os retratos, e por fim, as árvores, sob a mata fechada. Uma Amazônia surpreendente, nem tão distante da do imaginário nacional, e nem tão próxima do óbvio.
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Simões fotografou a Amazônia ao longo do ano de 2011, com o incentivo da Lei Rouanet e o patrocínio da Natura. O livro foi lançado pela Terra Virgem Editora, e tem 180 páginas. Os estados que entraram no roteiro foram Amazonas, Acre, Pará, Amapá, Roraima e Rondônia. Mais informações em www.edusimoes.com.br.
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